terça-feira, 5 de agosto de 2014

Ilusões perdidas

O jovem poeta Lucien Chardon decide deixar o interior da França e viver em Paris para tentar se realizar profissionalmente: ele ambiciona se tornar escritor. Com a ilusão de conseguir viver dessa atividade, instala-se na capital com dois originais prontos debaixo do braço: um livro de poemas e um romance histórico.
Lucien consegue emprego na imprensa diária e descobre que o compromisso com a ética e a verdade não é o forte dos jornalistas. Na França de 1820, a corrupção, o suborno, as trapaças políticas e as artimanhas jurídicas fazem parte da profissão.
Publicado em 1843, o romance é uma das obras-primas da literatura universal. Além de um encarte de apoio pedagógico, a edição traz um apêndice com informações sobre o contexto histórico em que a obra foi escrita, sobre a escola literária a que pertence e sobre a vida do autor.


Honoré de Balzac- Nasceu em Tours, França, em 1799, filho de um funcionário público. Passou quase seis anos interno em um colégio de Vendôme, depois se fixou em Paris, onde exerceu a função de estagiário em um escritório de advocacia. Entre 1820 e 1824, adotando diversos pseudônimos, escreveu alguns romances e a seguir tentou a sorte na atividade de editor, impressor e tipógrafo. Aos trinta anos, muito endividado, retomou a literatura com grande empenho e publicou o primeiro romance assinado com seu próprio nome. Nos vinte anos seguintes, escreveu cerca de noventa romances e contos, que receberam o nome abrangente de A comédia humana. Balzac faleceu em 1850, poucos meses depois de se casar com Evelina Hanska, a condessa polonesa com que manteve relações durante dezoito anos.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Pastoral americana

No estilo impetuoso e desbocado de Philip Roth, Pastoral americana narra os esforços de Seymour Levov para manter de pé um paraíso feito de enganos. Filho de imigrantes judeus que deram duro para subir na vida, Seymour tenta em vão comunicar um legado moral à terceira geração da família Levov. Esmagado entre duas épocas que não se entendem e desejam destruir-se mutuamente, Seymour se apega até o fim a crenças que se mostram cada vez mais irreais. A força de sua obstinação em defesa de uma causa perdida lhe confere um caráter ao mesmo tempo de heroísmo e desatino.
Para contar a história, Philip Roth ressuscita seu famoso alter ego, o romancista Nathan Zuckerman, herói e narrador dos romances Casei com um comunista e A marca humana. Na voz de Zuckerman, Seymour Levov assume a dimensão patética de um Adão obediente que um dia, sem entender por que, se vê expulso do paraíso.

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sábado, 26 de abril de 2014

Discussão sobre MADAME BOVARY: dia 8/5


Não deixe de participar!







Verónica Galindez-Jorge fala sobre Madame Bovary

https://www.youtube.com/watch?v=NC3_e-Acvpk

Flaubert por Baudelaire

A apresentação de Madame Bovary (Penguin Companhia), escrita por Charles Baudelaire, é matadora. Não deixem de ler.



"Em suma, esta mulher é realmente grande, ela é sobretudo digna de se lamentar, e apesar da dureza sistemática do autor, que fez todos os esforços para estar ausente de sua obra e para representar a função de manipulador de marionetes, todas as mulheres 'intelectuais' lhe serão reconhecidas por ele ter elevado a fêmea a uma tão alta potência, tão longe do animal puro e tão perto do homem ideal, e por tê-la feito participar desse duplo caráter de cálculo e de sonho que constitui o ser perfeito."

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O JOGO DA AMARELINHA

Em O Jogo da Amarelinha (Rayuela), romance do escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984), o leitor pula do jeito que quiser. Como um labirinto que avança e retrocede brincando com quem lê, a obra pode ser lida tanto de forma fluida, clássica, em capítulos (do 1 ao 56), compreendendo de modo claro a história de um triângulo amoroso, como também, a partir do capítulo 73, seguindo a ordem indicada pelo autor, como um mapa de leitura, com mil encadeamentos possíveis, incluindo capítulos antes ironicamente denominados "dispensáveis".

Nesse segundo modo de pular a amarelinha, o curso principal da narrativa oferece ramificações insondáveis, que partem de um comentário sobre o personagem para desaguar em uma reminiscência surreal - citações, cartas, breves episódios, textos que debatem a literatura atual, artigos sobre os personagens, desvarios, tudo vale para reforçar o caráter ambíguo e irônico da história.

Intelectual no desterro em Paris, longe de sua Argentina querida, o protagonista Horacio busca um ponto firme para seu mundo em pedaços. Tentará com os companheiros de exílio, os membros do Clube da Serpente, onde discutirá arte, filosofia e política, ao som do jazz, nos cineclubes e na ladainha existencialista.

Cortázar o faz por meio de uma geografia de alegorias. Assim esquadrinha a Paris de "Rayuela", surrealista e cheia de possibilidades - uma ponte, uma porta, eis aberto um mundo de sonhos. As pontes surgem, logo, de chofre, na apresentação direta do narrador, em primeira pessoa, no episódio que abre o romance com a busca desenfreada de Horacio por Maga.

Maga é Lucía, que Horacio encontra para novamente perder, num jogo de esconde-esconde que não termina ao final do livro. Obra aberta, O Jogo da Amarelinha não se encerra com o melancólico e necessário fracasso do protagonista, mas se abre para novos lances de dados que reordenem a arte e a sua contraparte combalida, a vida.

Na sua obra mais conhecida, Cortázar explorou os limites do conceito de realidade, construindo um gênero todo pessoal, expresso na "Teoria do Túnel" - texto em que defendia a coadunação de uma poética decorrente do surrealismo com a filosofia existencialista. Tal projeto, já posto em prática com Divertimento (1949), se realizaria por completo em O Jogo da Amarelinha, de 1963.

Estão no romance o questionamento existencial, a naturalização do imponderável e do lúdico como verdade, que se entregam no título e se explicam ao longo da narrativa, composta de fragmentos intercambiáveis.

Talvez tenha sido o próprio Cortázar quem definiu melhor o inconformismo que o levaria, na arte, a forçar as barreiras formais. "Desde pequeno, minha relação com as palavras, com a escritura, não se diferencia de minha relação com o mundo em geral. Eu pareço ter nascido para não aceitar as coisas tal como me são dadas."

(disponível em http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/jogo-amarelinha-643717.shtml, acesso em 30/1/14)