domingo, 26 de agosto de 2012

Próximo encontro do clube: dia 30/8, às 19h30, na Casa das Rosas.

Para pensar na personagem central de Crime e Castigo:



"O personagem de Dostoiévski tem pelo menos três camadas. Na camada de cima fica o motivo declarado: Raskólnikov, digamos, apresenta várias justificativas para o assassinato da velha. A segunda camada envolve a motivação inconsciente, aquelas estranhas inversões em que o amor se transforma em ódio e a culpa se expressa como amor nocivo e doentio. Assim, a louca necessidade de Raskólnikov de confessar o crime à polícia e à prostituta Sônia prenuncia o comentário de Freud sobre a ação do superego: "Em muitos criminosos," escreve Freud, "principalmente nos jovens, é possível detectar um sentimento de culpa muito forte que existia antes do cirme, e que, portanto, não é resultado dele, e sim o motivo. [...] A terceira e mais profunda camada de motivações escapa a qualquer explicação e só pode ser entendida em termos religiosos. Esses personagens agem assim porque querem ser conhecidos; mesmo que não percebam isso, querem revelar sua baixeza; querem se confessar. Querem revelar a sombria ignonímia de sua alma, e assim, sem saber por quê, adotam um comportamento medonho e "escandaloso" diante dos outros, para que as pessoas "melhores" do que eles possam julgá-los pelos canalhas que são. (WOOD, James. Como funciona a ficção. p. 141)



O que vocês acham da afirmação? Em algum momento da leitura ocorreu a vocês pensar em algo parecido com o que o teórico inglês aponta?

sábado, 11 de agosto de 2012


Trecho para reflexão:
"  - Hoje eu abandonei meus familiares - disse ele -, minha mãe e minha irmã. Doravante não vou procurá-las.
   - Por quê? - perguntou Sônia meio pasma. O encontro recente com a mãe e a irmã dele deixara nela uma impressão extraordinária, ainda que vaga para ela mesma. Ela ouviu quase com horror a notícia do rompimento.
   - Agora eu só tenho a ti - acrescentou ele. - Vamos seguir juntos... Eu vim te procurar. Nós dois juntos somos malditos, então vamos seguir juntos!
   Os olhos dele brilhavam. "É como um louco!" - pensou por sua vez Sônia.
   - Seguir para onde? - perguntou ela apavorada e recuou involuntariamente.
   - Vou lá eu saber? Sei apenas que é pelo mesmo caminho, isso sei ao certo, e só. Um só objetivo!
   Ela olhava para ele e nada compreendia. Compreendia apenas que ele era terrivelmente, infinitamente infeliz."    (p.339)